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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Descoberta novas propriedades em objetos do sistema solar!

Mais uma vez meu amigo dr Felipe Braga Ribas está nas manchetes astronômicas: a equipe internacional de astrônomos da qual ele participa detectou anéis em torno de um objeto no cinturão de Kuiper!

Essa descoberta pode afetar as teorias de formação do sistema solar...

Quer saber o que isso significa e o quais impactos essa descoberta pode trazer?

Anéis em planetas anões!
Essa foi a nova propriedade descoberta anunciada pelo meu amigo nessa manha. Os dados adquiridos e analisados por uma equipe internacional de astrônomos sugerem que anéis sejam estruturas comuns em objetos menores do sistema solar, não sendo portanto exclusividade dos planetas gigantes.


Em 2014 Chariklo (ilustração ao lado), um dos objetos classificados como Centauros por estar localizado entre as órbitas de Saturno e Netuno, foi o primeiro planeta anão a ser identificado com anéis - essa descoberta entrou para a história da astronomia e recebeu várias honrarias internacionais.

No anúncio desta manhã, dr. Braga-Ribas apresentou os resultados que foram publicados em artigo da revista Nature: a detecção de anéis em Haumea, planeta anão localizado muito mais distante, no cinturão de Kuiper. É a primeira vez que um anel é descoberto em torno de um planeta transnetuniano, o que aponta que a presença dos anéis pode ser mais comum do que se imaginava. O Video abaixo ilustra a descoberta:




Situado após a órbita de Netuno, o cinturão de Kuiper é composto por objetos rochosos congelados, dentre os quais se destacam Plutão, Eris, Makemake e Haumea. No vídeo abaixo
abaixo estão representados o planeta anão Haumea ao centro, Plutão à direita e o pequeno corpo celeste que também tem anel Chariklo à esquerda. O vídeo é um comparativo em escala do tamanho real de cada um deles. A animação também informa a distância de cada um deles até o Sol:




Dr Ribas ressaltou que esses objetos são difíceis de estudar por serem pequenos, estarem muito longe e refletirem pouca luz. Mesmo com potentes telescópios são difíceis de serem detectados e observados. “Estudar esses planetas é como medir uma moeda de R$ 1, a 200 quilômetros de nós” disse Ribas. “Fazemos a previsão de quando e onde vamos ter a ocultação estrelar, quando nós podemos ver a sombra dele projetada na Terra como um-mini eclipse e medir o tamanho”, explicou.

Os tamanhos relativos desses objetos podem ser melhor compreendido com a imagem ao lado, na qual encontram-se lado a lado modelos em escala de Chariklo nas mãos da aluna de mestrado do programa de Pós Graduação em Astronomia da UTFPR  Flávia L. Rommel  e Haumea com o graduando em física Alexandre Crispim. Ambos são orientando pelo dr. Braga Ribas.

Sobre Haumea
O objeto está situado a 51 Unidades Astronômicas (cerca de 7,6 bilhões de km) da Terra, e leva 284 anos para dar uma volta em torno do Sol em uma órbita elíptica de excentricidade 0,19 e inclinação de 28°. 

A imagem ao lado revela as dimensões de Haumea. (2.322 km x 1.704 km x 1.026 km). Ele não possui atmosfera (como Plutão). Sua rotação é de 3,9 horas (muito rápida para um objeto desse tamanho, o que torna sua forma achatada nos "polos", lembrando o formato de uma bola de rugby). 
 
Ao seu redor existem dois satélites: Hi´iaka de 320km de extensão e Namaka com 160km (a partir dos quais foi possível determinar a densidade de Haumea = 1885 kg/m³), além dos recém detectados anéis (ilustrado ao lado), de albedo 0,51.

De acordo com os dados obtidos, o anel possui cerca de 70km de largura e circunda o planeta anão a 4.300 km no plano equatorial do objeto, da mesma forma que seu maior satélite Hi’iaka. Está em ressonância de 3 por 1 em relação à rotação de Haumea – o que significa que as partículas geladas que compõem o anel completam uma volta em torno do planeta enquanto este gira três vezes em torno do seu eixo.
  
A observação ocorreu em 21 de janeiro e contou com a participação de 12 telescópios de dez observatórios europeus. A imagem ao lado ilustra em verde os observatórios que colaboraram com a coleta de dados. "Graças a estas observações foi possível reconstruir com grande precisão a forma e o tamanho do planeta anão Haumea e descobrir, para nossa surpresa, que ele é consideravelmente maior e reflete menos luz em comparação com o que acreditávamos anteriormente. Ele é também muito menos denso do que pensávamos, o que respondeu a questões que estavam pendentes sobre este objeto", disse Jose Ortiz, um dos autores do artigo.
 
Anel(is)
A descoberta do anel foi uma surpresa para os astrônomos. "Há apenas alguns anos, só conhecíamos a existência de anéis em torno dos planetas gigantes e há muito pouco tempo, o mesmo grupo descobriu também que dois pequenos corpos, Chariklo e Chiron, situados entre Júpiter e Netuno, pertencentes a família de objetos denominados Centauro, têm aneis densos, o que foi uma grande surpresa. Agora descobrimos que corpos mais distantes que os Centauros, maiores e com características muito diferentes, também podem ter aneis", afirmou o astrofísico espanhol Pablo Santos-Sanz, também coautor e membro do IAA-CSIC.

“Existem várias explicações possíveis para a formação do anel. Ele pode ter se originado de uma colisão com outro objeto, ou pela liberação de parte do material superficial devido à rápida rotação de Haumea", disse Ortiz.


“Depois da descoberta dos anéis de Chariklo em 2013, criamos a expectativa de que encontraríamos anéis entre os centauros”, diz dr. Ribas, que é pesquisador da UTFPR e co-autor da descoberta em Haumea. “Agora vimos que um objeto dez vezes maior e bem mais distante possui anéis, o que leva a pensar que muitos outros podem tê-los.”

Os novos resultados, por mais que elevem nossos conhecimentos de Haumea, são tanto um ponto de chegada quanto um ponto de partida. Diz dr. Ribas: “Como toda surpreendente descoberta, muitas questões são respondidas, porém muitas outras perguntas aparecem, sempre promovendo o avanço do conhecimento.”

As pesquisas sobre o corpo celeste vão continuar com a realização de simulações. "Os próximos passos são continuar observando esse objeto, fazer modelos e simulações sobre esse anel, ver como esse anel pode ou não evoluir, tentar entender do que ele é formado e qual a influência da rotação do Haumea, que é muito elevada, para a formação desse anel", comenta Felipe Ribas.

Ocultação Estelar
O método de observação usado por este grupo de astrônomos consiste em estudar as ocultações estelares, que ocorrem quando um objeto passa à frente de uma estrela, gerando um eclipse muito rápido quando vistos da Terra. O vídeo abaixo ilustra o que foi observado no caso de Chariklo.





Este método está revelando ser uma ferramenta poderosa para a determinação de propriedades astronômicas de objetos distantes. No caso de Chariklo e  Haumea foi possível determinar seu tamanho, forma e densidade, e estrutura do anel. Caso queira saber os detalhes desse método, veja essas publicações.

Esforço Mundial
A descoberta resultou de um trabalho conjunto liderado pelo astrônomo espanhol Jose Luis Ortiz, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia (IAA-CSIC), e contou com a participação de astrônomos e alunos brasileiros do Observatório Nacional, ligado ao Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), do Observatório do Valongo, ligado a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Tecnológica Federal do Parana (UFTPR), filiados ao Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA).

Para dr. Ribas, a pesquisa reafirma o preparo do Brasil para a realização de pesquisas de grande impacto na ciência mundial. "A oportunidade desta descoberta vem do fato de nós estarmos realizando pesquisa de ponta. Mais do que isso, proporciona trazer nossos alunos, nossas instituições para o destaque que esse tipo de descoberta proporciona, porque mostra que estamos juntos aos países que estão realizando pesquisa de alto nível", ressalta o pesquisador.




Novamente, PARABENS MEU AMIGO!!! 

Fontes:


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