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terça-feira, 6 de março de 2018

Astronomo amador registra fotos inéditas de supernova

O argentino Victor Buso na foto ao lado entrou para a história literalmente do dia para noite ao conseguir registrar um fenômeno muito raro: a explosão de uma supernova.

Para se ter uma ideia da magnitude deste feito, astrônomos comparam o feito com ganhar na loteria (cósmica)!

Este é mais um relato de como grandes descobertas podem surgir por acaso, com a contribuição de astrônomos amadores que atentamente ficam olhando para o céu!


Foi sem querer querendo que o argentino Victor Buso conseguiu registrar um fenômeno muito raro. Ele que trabalha como chaveiro, mas tem na astronomia amadora sua paixão, tinha acabado de receber pelo correio uma câmera nova para o seu Observatório Busoniano - como ele chama o cômodo em formato circular no terceiro andar de sua casa, onde passa noites estudando as estrelas com um telescópio do tipo newtoniano, de 40 centímetros. A foto ao lado registra essa construção da rua da casa dele.

Na manhã seguinte, o chaveiro separou um tempo para instalar o software do dispositivo e, ao amanhecer, decidiu testá-lo com o telescópio. Buso procurou no céu uma galáxia brilhante e "grandinha" (ou seja, que ocupasse uma boa região em seus detectores, dando assim uma melhor resolução para a imagem). Foi assim que acabou focando na galáxia espiral NGC 613, a 70 milhões de anos-luz da Terra. Ele começou a tirar várias fotos rápidas, uma técnica para evitar que a luz emitida pelas cidades atrapalhe (ao lado). "E nesse momento exato, começou a aparecer uma explosão - mas eu não sabia que se tratava de uma supernova".

Mesmo não sendo profissional, o este astrônomo amador logo suspeitou que estava diante de algo importante. Ele conhecia os procedimentos e regras do setor, e logo percebeu que, se demorasse muito a lançar um alerta à União Astronômica Internacional, outra pessoa poderia reivindicar a descoberta. "Mas, como não sei inglês e nunca havia elaborado um alerta, tive que pedir ajuda", resslata. Procurando na internet conseguiu contatar Sebastián Otero, um argentino que trabalha com a Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis, e passou a ele as informações que tinha para que o aviso fosse emitido.

Dessa forma telescópios de maior envergadura em outros locais poderiam focar nesse pequeno ponto de luz para decifrar aquele fenômeno (esta é uma das etapas do procedimento padrão para confirmação de descobertas astronômicas). Otero disse: 'Olha, se amanhã for confirmado que se trata de uma supernova, fique tranquilo que a descoberta é sua."

A observação de Buso ocorrei em 20 de setembro de 2016,quando completava oito dias observando uma galáxia e suspeitando que "algo de diferente" poderia estar dentro dela, já que não conseguia ver seu interior com clareza. Depois de 17 meses analisando o achado com o auxílio de um grupo de astrônomos profissionais, a batizada supernova SN2016gkg ganhou publicação na prestigiada revista científica NatureO nome de Buso também aparece entre os autores do artigo.
 
Suas fotografias e outras imagens, tiradas por outras pessoas após a emissão do alerta, foram analisadas por pesquisadores do Instituto de Astrofísica de La Plata (IALP), o Instituto Argentino de Radioastronomia e a Universidade Nacional de Rio Negro, todos na Argentina, junto a estudiosos dos EUA, Japão e Reino Unido.

As imagens permitiram confirmar que as supernovas passam por três fases: Na primeira, a luz emerge até a superfície da estrela em questão de minutos ou horas. "Nesse momento, é liberada de maneira violenta uma enorme quantidade de luz, o objeto fica visível e seu brilho aumenta em um ritmo muito rápido", explicou em um comunicado Gastón Folatelli, um dos autores da publicação na Nature.

Na segunda, que pode durar alguns dias, o objeto esfria e, na última, a queda da radioatividade faz com que ela volte a esquentar - algo que pode durar semanas.  


Através da análise da luz registrada por Buso (o espectro, cujos dados compõem a imagem ao lado), pesquisadores conseguiram concluir que o SN 2016gkg era uma supernova de Tipo IIb, que ocorre quando uma estrela maciça perdeu a maior parte de sua concha de hidrogênio explode.
Além disso, comparando os dados com modelos teóricos, a equipe estima que a massa da estrela antes da supernova era cerca de 20 vezes a massa do Sol. No entanto, eles apontam que a estrela provavelmente perdeu cerca de 75 por cento dessa massa para uma estrela companheira antes da explosão.
Com base nos dados disponíveis, os pesquisadores acreditavam que as primeiras imagens ópticas de uma supernova submetidas a "breakout de choque", que ocorre quando uma onda de pressão supersônica do núcleo rebound da estrela bate no gás na superfície da estrela. Isso gera uma tremenda quantidade de calor na superfície da estrela, o que provoca uma explosão de luz que se ilumina rapidamente. yu IIb supernova, que ocorre quando uma estrela maciça que perdeu a maior parte do seu reservatório de hidrogênio explode.

"Nos últimos anos, muitos esforços e recursos foram dedicados à detecção de supernovas o mais cedo possível, como na implementação de programas de monitoramento constante, mas sem sucesso", explicou Melina Bersten, outra pesquisadora que assina o estudo. "Na verdade, alguns astrônomos começavam a duvidar da existência desse estágio." O chaveiro de 58 anos está precisando agora encontrar tempo em sua agenda para atender a jornalistas.

Um grande feito para alguém que criou o seu primeiro telescópio aos 11 anos com as lupas da mãe - que trabalhava com tratamentos de estética, usando o utensílio para ver de perto a pele dos clientes.

O chaveiro sempre foi fascinado pela astronomia. Mas não se engane sobre seu destino. "Eu não sou um astrônomo frustrado", ele disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. "Ser astrônomo tem certas lacunas, como estar longe de parentes e amigos. Conheço alguns que têm problemas familiares porque precisam mudar o tempo todo de país. É um sacerdócio!"

Ele diz ter certeza de que fez a escolha certa.

"Além disso, eles exigem que você estude tal e tal coisa... E o que me permitiu descobrir essa supernova foi a liberdade de poder apontar para onde eu quero". 

Quer a história de Buso sirva de inspiração para que outros possam ficar olhando para o céu!

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