Você sabe o que é o 'ponto nemo'?

Você sabe qual é o ponto geográfico mais distante do nosso planeta?

(se parar para pensar um pouco sobre essa pergunta pode parecer haver algo errado...mas não, está correta!)

Sim, existe um lugar na superfície de nosso planeta que é o mais distante de qualquer outro... e já antecipo que as pessoas mais próximas deles são os astronautas a bordo da ISS!  Ficou curioso ne? Quer saber onde é?

Polo Oceânico de Inacessibilidade

O ponto de coordenadas 48 graus 52,6 minutos de latitude sul e 123 graus 23,6 minutos de longitude oeste é o ponto geográfico mais distante de qualquer outra localidade do planeta. Tecnicamente recebe o nome de polo oceânico de inacessibilidade devido a essa característica. 
(só por curiosidade: existem vários outros polos de inacessibilidade, sendo objeto de conquista de varios aventureiros ao longo da história.).

Essa localidade também é carinhosamente chamada de ponto Nemo, que em latim significa "ninguém", por de fato não haver ninguém pelas redondezas. A ilha mais próxima fica a cerca de 2.688 km. (reveja a imagem do início desta publicação).

A zona livre de terra ao redor do ponto Nemo se estende por mais de 17 milhões de quilômetros quadrados.

Curiosamente, as pessoas mais próximas desse ponto não estão na superfície, mas sim na Estação Espacial Internacional, que a cada 90 minutos passa pelas proximidades deste pólo, a uma altitude média de 400 km.

Esse local é de interesse mundial, não por sua exuberância em vida marinha (que aliás, também não há grandes coisas por la...), mas por ser o destino final das sondas que cumpriram sua missão ao redor da Terra.  (o que a meu ver, também não justifica o fato de que lixo espacial seja ali depositado, mas até o momento não há outra solução...)

Cemitério de naves espaciais

De acordo com os engenheiros espaciais da NASA, esse local é tão isolado que tornou-se um alvo ideal para se colocar as coisas sem bater em nada.

Uma vez que satélites (e outros objetos) que foram colocados em órbita encerram sua vida útil, as agências espaciais os retiram do espaço para evitar que fiquem desgovernadas e acabem colidindo com outros objetos que lá estão. Por isso são direcionadas para o polo de inacessibilidade para que possam ser enterradas sem causar danos a outras pessoas, e minimizar os impactos no planeta.

Para enterrar algo nesse cemitério, as agências espaciais fazem com que suas sondas "sofram um acidente orbital" enquanto se aproximam do ponto. Nada de explosões que as tornariam incontroláveis; apenas são direcionadas de forma controladas para órbitas mais baixas, de forma que possam ser freadas pelo contato com a atmosfera, e acabem caindo no local correto.

Objetos pequenos, como satélites, acabam sendo completamente incinerados ao reentrar na atmosfera devido ao calor da fricção com o ar gerado por sua velocidade de queda, que facilmente atinge milhares de quilômetros por hora.

O problema são objetos maiores, como a estação espacial Tiangong-1, que mesmo desgovernada ha mais de 1 ano, acabou caindo na região (ou pelo menos o que restou dela depis da reentrada...).

Entre 1971 e meados de 2016, agências espaciais de todo o mundo despejaram pelo menos 260 veículos espaciais na região, de acordo com a revista Popular Science.  

Essa contagem aumentou significativamente desde o ano de 2015, quando o total foi de apenas 161, por Gizmodo .

Enterrado sob mais de três quilômetros de água está a estação espacial MIR da era soviética, mais de 140 veículos de reabastecimento da Rússia, vários dos cargueiros da Agência Espacial Européia (como o Jules Verne ATV) e até um foguete SpaceX, por exemplo. Em 2024 a estação espacial internacional, com mais de 420 toneladas, terá seu fim destinado a esta localidade também.

Assista a essa animação da ESA que ilustra a reentrada e desintegração da estação Russa em 2001:

Essas espaçonaves mortas não estão bem juntas, no entanto. Um objeto grande como o Tiangong-1 pode se desintegrar em uma forma oval de detritos que se estende por 1600 km de comprimento e dezenas de quilômetros de largura.

Embora nem todas as naves espaciais acabem no cemitério, as chances são extremamente pequenas de que alguém seja atingido por detritos, independentemente de onde a espaçonave tenha se separado na Terra. Mas só para lembrar, desde o início da era espacial alguns incidentes menores já foram relatados, como a queda de detritos em casas e veículos. Apenas uma pessoa no mundo todo ficou levemente ferida por um pedaço de detritos espaciais.

Perigos do Lixo Espacial

Atualmente orbitam a Terra cerca de 4.000 satélites em várias altitudes. Ao lado uma ilustração com alguns deles. E ainda há espaço para mais - novas missões futuras planejam lançar mais de 5.000 novos satélites!

Além de todos esses satélites, existem milhares de corpos de foguetes descontrolados orbitando a Terra, junto com mais de 12.000 objetos artificiais maiores que um punho, de acordo com a Space-Track.org. Isso sem mencionar incontáveis ​​parafusos, parafusos, pedaços de tinta e pedaços de metal.

Todos esses objetos tem o potencial de se transformar em lixo e principalmente em risco para os demais.

O pior tipo de risco, de acordo com a Agência Espacial Européia , é quando um pedaço de lixo espacial acidentalmente atinge outra peça, especialmente se os objetos são grandes.

Tais colisões por satélite são raras, mas acontecem; um ocorreu em 1996, outro em 2009 e dois em 2013.

Esses acidentes - juntamente com a destruição intencional de satélites espaciais - geraram incontáveis ​​fragmentos espaciais que podem ameaçar os satélites em órbitas próximas anos depois, levando a uma espécie de efeito descontrolado.

Fazer com que antigas naves espaciais saiam de órbita é uma chave para evitar a formação de lixo espacial, e muitas agências e corporações espaciais constroem naves espaciais com sistemas para os desviar (e aterrá-los no cemitério da espaçonave).

Outras possibilidades
Engenheiros espaciais de diversas agências pesquisam por novas tecnologias e métodos que possam destinar com segurança os mais de 170 milhões de detritos espaciais atualmente monitorados (que totalizam 700 bilhões de dólares em infraestrutura espacial). 

Essas novas técnicas já existem, e são capazes de lascar, embrulhar, puxar e transportar coisas antigas e descontroladas que representam ameaças.

Contudo, o obstáculo mais importante a ser superado é político: pois se alguem tocar por exemplo nos restos de um satélite norte americano, isso pode ser considerado um ato de guerra... 


Torna-se portanto essencial  unir as nações para chegar a um acordo que estabeleça direitos de salvamento de objetos do tipo "mar-do-mar" para objetos mortos ou incontroláveis ​​no espaço.

A NASA por exemplo perde de 3 a 5 satélite por ano devido a colisões com detritos. E estima perder muito mais nos próximos anos, infelizmente....

Veja nessa animação quanto de detritos o aumento do lixo espacial nos ultimos 50 anos:

Fonte:

daily mail, Science Alert, Phys.org