A caça ao cometa (um salto astronômico rumo às nossas origens)

Novembro de 2014 será lembrado na astronomia pela inédita chegada de uma sonda a um cometa! 

A histórica conquista ocorreu dia 11 deste mês, quando a sonda Rosetta lançou o robô Philae rumo a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko - e isso depois de viajar por mais de 10 anos pelo sistema solar para alcança-lo!

Pelos próximos 2 anos essa dupla tentará comprovar se objetos como esses trouxeram água e moléculas orgânicas para nosso planeta. Para isso carregam instrumentos capazes de "cheirar", "ouvir" e até "provar" o cometa!

Conheça nessa publicação os fatos e dados já coletados, e o que andam falando deles por ai....

A missão
Lançada em 2004 da Guiana Francesa, a sonda Rosetta é um projeto de 1,4 bilhões de dólares da Agência Espacial Europeia (ESA). O poderoso foguete Ariane V foi o responsável por enviar esse projeto ao espaço, cujo objetivo primário é identificar se cometas poderiam ter trazido água e moléculas orgânicas ao nosso planeta no passado.


A animação abaixo ilustra resumidamente os passos da missão:

Fonte: Revista Veja e ESA 

O Alvo
Cometas são as sobras da formação do sistema solar e estima-se que podem guardar as respostas para a origem da água e a formação da vida em nosso planeta. São portanto peças chaves para a compreensão desses temas, assim como a Pedra de Rosetta e o monumento Philae foram para a tradução dos símbolos inscritos nas pirâmides do Egito. Ao lado, uma foto de Carl Sagan com uma réplica dessa pedra.

O escolhido foi o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, carinhosamente chamado de "Chummy", por possuir uma órbita fechada de período orbital curto (de 6,45 anos). Foi descoberto por dois astrônomos russos em 1969, cujos nomes batizam o cometa. Atualmente Chummy viaja pela região do sistema solar chamada de espaço profundo (além da órbita de Júpiter), e passará novamente próximo ao Sol em 13 de agosto de 2015.

De acordo com os dados coletados pela sonda Rosetta (ESA), Chummy (ao lado) é uma grande rocha congelada, cujos grãos de poeira variam de dezenas a centenas de microns (milésima parte do milímetro), e é formado por água, gás carbônico, monóxido de carbono, amônia, metano e metanol - ou seja: é rico em moléculas orgânicas. Possui formato irregular, parecido com um patinho, desses de banheira... Sua massa é de 10^13 kg, possui 25 km cúbicos de volume e densidade 0,4kg/m^3. Seu eixo maior tem quase 4,1 km e seu eixo menor 3,8km, e sua rotação é de pouco mais de 12h.


Falando de maneira simples, essa grande rocha congela é tão grande quanto um bairro de uma cidade grande. As imagens abaixo comparam seu tamanho com o Los Angeles e Londres, por exemplo.

  

Los Angeles                                                            Londres

Mesmo sendo bem menor que o cometa, a sonda Rosetta e o robô Philae já nos trouxeram várias informações importantes sobre esse astro. Antes  de falar sobre elas, veja um comparativo entre o tamanho do cometa e da sonda, e a distância de órbita:







As conquistas!
A missão Rosetta teve dois grandes momentos: o primeiro em 4 de agosto, quando pela primeira vez a humanidade conseguiu colocar um objeto em órbita de um cometa - falei sobre essa conquista na ocasião (clique aqui para relembrar o momento). Como o vídeo acima mostrou, Rosetta fez várias manobras (triangulares) ao redor do Chummy até conseguir igualar sua rota e velocidade e assim entrar em órbita dele.

Na terça dia 11 de novembro, ocorreu o segundo grande momento da missão: a sonda Rosetta lançou o robô Philae rumo ao cometa. Ele é do tamanho de uma máquina de lavar (1m cúbico), e está equipado com vários equipamentos diferentes, capaz de efetuar vários tipos de análises que poderiam ser comparadas a alguns de nossos sentidos: Philae é capaz de ouvir, cheirar e saborear o cometa, além de tocá-lo. Abaixo a lista completa de equipamentos que ele possui:

 (Fonte: ESA.  Traduzido por Prof. Fabio)

A imagem acima, que mostra Philae na superfície do cometa, é uma ilustração. Mas tornou-se realidade no dia 14, quando esse robô tocou o solo do cometa - outra contista inédita (pousar um objeto em um cometa). A sequencia de imagens ao lado mostra a sonda Philae enquanto se distanciava do satélite. 

Fixar-se no cometa não foi tão fácil quanto parece: devido a baixa gravidade desse astro, o gancho de fixação da sonda não consegui agarrar o astro e Philae "quicou" 3 vezes antes de conseguir se fixar na superfície dele. Acabou parando na beirada de um desfiladeiro do cometa... A sequência de imagens abaixo revela a superfície do cometa registradas pela sonda Rosetta durante as tentativas de fixação do robô à sua superfície, e o local final de sua fixação,

Andam dizendo por ai que os saldos de Philae vistos pelas lentes da Rosetta pareciam com os de outro astro famoso das quadras do esporte que pratico: Michael Jordan. Compare as imagens abaixo e confirme voce mesmo - à esquerda, Philae visto pelas lentes do satélite; a direita, a famosa marca de Jordan, que eternizou um de seus mais famosos saltos para uma enterrada no basquete:

A sonda acabou parando numa região de sombra do cometa, onde os raios solares não chegam diretamente. Isso impediu que seus painéis solares pudessem converter a luz solar em energia para seu funcionamento... Por isso ele Philae só funcionou por 3 dias após seu pouso (de quinta à domingo daquela semana, mais especificamente) que foi o tempo que suas baterias duraram. Depois disso a equipe do controle da missão colocou a sonda em hibernação até que o cometa se aproxime do Sol e possa ter suas baterias recarregadas pelos raios solares. A foto ao lado revela essa localidade escura do cometa.




Fontes dessa publicação
Portal Space, DailyMail, Revista Veja, Portal G1, Terra, Megacurioso, Folha de São Paulo, Estado de Minas, Science News, EOPortal.org